Por que Liz Danzico, da NPR, gosta de preencher sua agenda com conversas

Belinda Lanks
Magenta Brasil
Published in
5 min readMar 31, 2017

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A diretora criativa da Rádio Pública Nacional, em Nova York, explica como manter-se ocupada é a principal receita para a sua produtividade.

SSabe o velho ditado, “Se você quer que algo seja feito, peça a uma pessoa ocupada”? Liz Danzico é a incorporação dessa lei da produtividade humana. Como a primeira diretora criativa na Rádio Pública Nacional (NPR, na sigla em inglês), ela divide seu tempo entre os escritórios de Nova York e Washington D.C., onde supervisiona o visual e a experiência do usuário das plataformas digitais e dos conteúdos da estação. Ao mesmo tempo, ela é a presidente e co-fundadora do Programa de Design de Interação na Escola de Artes Visuais do Museu de Belas Artes de Boston (MFA), colocando-se à disposição dos alunos durante o expediente noturno. Então, como a designer, educadora e colaboradora da Magenta consegue arranjar tempo para sua família e até para si mesma? Para começar, acordando cedo.

O Sol também acorda

Fico fascinada com o nascer do sol. Se eu vejo o nascer do sol ganho meu dia. Estabelecer uma conexão muito forte com a sua cidade — no meu caso, Nova York — antes que alguém esteja acordado é inspirador. Eu acordo às 6 da manhã com um alarme e imediatamente, antes de fazer qualquer coisa, tento sair pra correr com o meu cachorro. Vejo a corrida como uma meditação — limpa minha mente enquanto estou em movimento. Então, retorno, verifico meus emails, tomo café da manhã, tomo banho e pego o metrô às 8h30.

Isso quando não viajo para D.C. Quando faço isso, acordo entre 4h, 4h40 da manhã. Faço alongamento, mas não corro, brinco um pouquinho com o cachorro, dou comida a ele e saio de casa por volta das 5h para chegar no escritório às 9h.

Reuniões concêntricas

Sou obcecada por estabelecer uma estrutura para o meu dia. Já tentei de tudo — recusar reuniões as segundas, evitar checar meus e-mails antes do meio dia. O que eu faço agora é ter uma tonelada de reuniões de pé para ter certeza que estou falando com uma quantidade equilibrada de pessoas durante uma semana. Se o objetivo do meu trabalho é ajudar as pessoas a fazerem melhor o delas, então, quantas conversas preciso ter para atingir este objetivo? Eu organizo reuniões em forma de círculos concêntricos. No centro estão reuniões individuais e semanais com todos da minha equipe. O que faço é misturá-las durante as tardes ao longo da semana. Há um círculo grande que é a minha equipe e, então, um círculo maior da disciplina e, então, um círculo gigante que é a organização.

Diria me reúno com alguém completamente fora de qualquer um dos meus círculos de convívio umas duas vezes por semana. Pode ser com um aluno ou com alguém que tenha uma nova ideia para apresentar ou que queira lançar um produto.

Dito isso, quase não tenho controle sobre o meu calendário.

A equipe de Designe da NPR Digital Media. Crédito: Stephen Voss

Desfazendo um bloqueio criativo

Sempre que não consigo escrever, eu simplesmente começo a escrever qualquer coisa — a mesma palavra repetidamente, uma frase copiada de um livro. Isso porque acredito que o próprio ato de escrever é um dos bloqueios. Para outros tipos de bloqueio, recebo inspiração de pessoas fora dos campos do design, jornalismo e mídia. Ouvir sobre o que outras pessoas estão fazendo me leva a descobrir algo que eu possa ter perdido. Essas adjacências realmente ajudam todos a se manter informados. Ouvir alguém muito empolgado ou muito chato — alguém extremo — pode ser um impulso para eu retornar ao que estou fazendo.

Apenas uma coisa

Descobri que meu cérebro trabalha melhor e mais rápido se eu fizer uma coisa de cada vez. Quando estou falando no telefone, estou olhando pela janela, não estou sentada em frente ao meu computador. Se eu estou em uma reunião, sento de costas para a porta. Se eu escrevo algo e preciso corrigir o que escrevi, eu imprimo ou coloco em formato PDF e coloco em algum outro dispositivo que não seja meu computador.

Alimentando a introversão

Em todos os testes de personalidade que fiz tive como resultado “introvertida”. Mas eu realmente gosto de estar entre pessoas, então, tenho que me certificar de que para cada dia intenso que eu tenha, o que parece ser todo dia, eu consiga ter tempo para mim mesma. Gosto de sair sozinha para almoçar ou jantar e, ocasionalmente, tomar café da manhã. Assim consigo ter paz para ler, pensar ou fazer qualquer coisa que queira.

Mentor criativo

Steven Heller, meu co-fundador do Programa de Interação em Design na Escola de Artes Visuais do MFA, é uma influência e uma inspiração para mim em tantos níveis. Ele fez uma série de coisas interessantes, como ser o diretor de arte da New York Times Book Review por 30 anos. Ele tinha escrito/editado mais de cem livros a essa altura. Ele também escreve artigos constantemente e dá palestras. Mas você nunca saberá disso, pois quando está com ele em uma sala, Heller faz com que você se sinta como se fosse a única prioridade dele. Ele nunca olha o telefone, nunca sai correndo para outra reunião ou age como se você não fosse importante. Essa habilidade de fazer com que a pessoa se sinta como a coisa mais importante naquele momento é algo que eu tento imitar.

Conselho para a minha Eu mais nova

Para a minha Eu menos experiente, diria para pensar menos e fazer mais. À medida em que envelheço, estou mais propensa a experimentar mais as coisas em vez de apenas pesquisá-las e esperar dois anos para testá-las. Hoje tento ter um equilíbrio entre ser super analítica e apenas experimentar algo.

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Editor-in-chief at Razorfish. Formerly of Magenta, Bloomberg Businessweek, Fast Company, and WIRED. For more about me, check out belindalanks.com.